Para modificar os comportamentos relacionados ao peso e à alimentação, é necessário a aplicção de uma terapia nutricional com o objetico da recuperação nutricional gradual do paciente e a manutenção do peso; o restabelecimento das funções fisiológicas normais; restabelecer o padrão alimentar saudável; eliminar práticas alimentares inadequadas; a melhora do estado emocional, diagnosticar e ajudar a resolver problemas associados (familiares, sociais) e evitar recorrências.
Essa terapia tem duas fases, na fase educacional os objetivos são relacionados à coleta e transmissão de informações como história alimentar do paciente, estabelecimento de uma relação de colaboração, definição de conceitos relevantes sobre alimentos, apresentação de exemplos de padrões de fome e de consumo alimentar e a orientação básica para a família; na fase experimental os objetivos são mais terapêuticos: separar comportamentos relacionados a alimento e peso, de sentimentos e questões psicológicas; incrementar as mudanças de comportamento alimentar; aumentar ou diminuir o peso gradativamente; orientar a manutenção do peso adequado e o comportamento com o alimento em ocasiões sociais.
Pacientes com anorexia nervosa muitas vezes ignoram os riscos que a doença apresenta para a saúde e relatam não se sentirem mal ou incomodados, pois o medo de engordar é muito maior que o de morrer. As crenças errôneas, o medo e as distorções sobre alimentação e nutrição representam uma barreira ao tratamento.
Apesar deste padrão errôneo de alimentação, as deficiências de vitaminas e minerais são raras devido ao uso frequente de suplementos e à diminuição das necessidades. No entanto já se encontraram deficiências de zinco e ácido fólico em adolescentes com Anorexia Nervosa que não se reverteram após o tratamento, de tal forma que os autores recomendaram a suplementação destes nutrientes.
A realimentação com alimentos é a primeira escolha para a recuperação do peso e é mais bem sucedida do que a realimentação com suplementos na recuperação a longo prazo. A meta principal do tratamento é ajudar o paciente a normalizar seu padrão alimentar, com uma dieta balanceada e suficiente para atender às suas necessidades e recuperar o estado nutricional debilitado pela doença, além de restabelecer o peso, normalizar a percepção de fome e saciedade e correção das sequelas biológicas e psicológicas da desnutrição.
Um dos pontos críticos da reabilitação nutricional é a grave depleção do peso corporal, em consequência de um importante déficit de ingestão de energia. Para iniciar o tratamento, é importante fornecer calorias necessárias para o metabolismo basal, levando em consideração os ajustes necessários, já que os pacientes apresentam um decréscimo de cerca de 50% na taxa de metabolismo basal. A ingestão de 200 a 500 calorias adicionais, por semana, promovem ganho de peso gradual.
O uso de fármacos na anorexia nervosa permanece controverso. Há muitos fatores que dificultam a pesquisa nessa área como a baixa prevalência da anorexia nervosa, os riscos de morte envolvidos na doença, a negação da doença, causando resistência e ambivalência em relação ao tratamento.
Assim sendo, os estudos de farmacoterapia controlados em anorexia são poucos e envolveram várias classes de medicações, como drogas antidepressivas, antipsocóticas, ciproeptadina, zinco, cisaprida entre outras.